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Números da Covid-19 em Caçador preocupam e momento é de alerta

  • 19/02/2021
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O secretário municipal de Saúde de Caçador, Roberto Marton, e o diretor técnico do Hospital Maicé, médico Daniel Rossano Correa, concederam coletiva à imprensa na quarta-feira (17) para falar do agravamento da pandemia da Covid-19 na região, assim como a lotação a qual chegou novamente o Hospital Maicé assim como todas as UTIs do Estado. O momento é de precaução, pois não há vagas nos hospitais.
Doutor Daniel iniciou dizendo que o encontro servia como um alerta a ser emitido à população, em virtude dos acontecimentos dos últimos dias principalmente no Oeste de Santa Catarina, dando como exemplo Chapecó, que aumentou muito o número de casos de coronavírus, tanto de internação clínica como UTI. De acordo com ele, esta realidade já esta em Caçador, onde estamos praticamente sem vagas de UTI para pacientes Covid em todo o Estado, e isso se deve muito ao relaxamento da população com relação aos cuidados necessários diante da pandemia, as aglomerações, que fez aumentar a transmissibilidade, culminando com o colapso do sistema de saúde.
O secretário Marton também enfatiza que estava deve ser uma conversa de esclarecimento, e que todos devem ter consciência do que esta acontecendo, lembrando que na noite de terça-feira (16), a direção do Hospital Maicé precisou pedir três respiradores emprestados de Fraiburgo, porque já estava acima da capacidade de atendimento.
Para ele, é importante que as pessoas façam uma reflexão e entendam que as estruturas estão superlotadas, não há mais onde buscar espaços. O governador deve anunciar novos leitos em Chapecó, mas mesmo assim, a doença cresce muito mais rápido do que as estruturas físicas dos hospitais, não dá para acompanhar.
"E não é mais uma questão de ter respiradores ou não, a questão hoje são recursos humanos, pois não temos mais profissionais de saúde suficientes para suprir a necessidade, fora os afastados por Covid. Tudo isso cria situações que não temos mais como atender. É preciso trabalharmos juntos, profissionais e população. Não dá mais para trabalhar separado. O uso de máscara, o distanciamento social, o álcool em gel, tudo é necessário. Muitos falam que agora chegou a vacina, mas é preciso entender que o número de vacinas é insignificante perto do tamanho da população, e o tempo que levará para termos cerca de 70% das pessoas vacinadas, é um período longo. Mas se neste momento, a pessoa chegar ao hospital em situação crítica, vai precisar do respirador, e não temos mais como atender", detalha.
Marton comenta também sobre as variantes do cononavírus que estão surgindo, com a de Manaus, que parece já ter sido diagnosticada em Caçador, e tendo uma expansão mais rápida. "Mas as pessoas continuam fazendo festa, se reunindo, e não é o momento. Essa atitude levará a doença para dentro de casa, levando sofrimento queira ou não queira para as pessoas dentro de pouco tempo. Então é preciso que todos tenhamos a clareza de que a doença existe, isso não é uma hipótese, é um fato, as pessoas estão morrendo".
O secretário voltou a dizer que o Hospital Maicé está trabalhando muito acima de sua capacidade e fez questão de agradecer a diretoria e profissionais da saúde pelo empenho. "O Maicé não atende apenas pacientes com Covid, as demais doenças continuam acontecendo, inclusive existiam pessoas entubadas sendo atendidas na emergência do hospital, pois não havia mais lugar. É necessário que as pessoas encarem de frente, não dá para esconder, nem fingir".
O diretor Daniel fez um apelo aos proprietários de ambientes públicos, como bares, restaurantes, comércio em geral, lotéricas, entre outros, para que orientem seus clientes, não promovendo aglomerações, para que continuem obedecendo as medidas como ocorreu meses atrás, com álcool gel, distanciamento social e cobrando o uso de máscaras.
"Não estamos pedindo o fechamento, mas apenas a contribuição neste controle, promovendo estas ações. Sabemos que as pessoas nas ruas devem se conscientizar da situação. No início da pandemia os jovens achavam que não iriam pegar a doença, e os dados apresentam que não existe um padrão de acometimento do vírus, pois morreram pessoas jovens, sem comorbidades, sem fatores de risco. Sem contar que levam para dentro de casa e acometem os idosos da família. Além disso, o Hospital Maicé não para de atender as outras doenças, pois temos urgência e emergência, neuro,  ortopedia, infartos, avcs, não é só covid. As doenças não param, a procura pelo hospital é 24 horas e atendemos uma extensa região. Além de estar nos faltando profissionais da saúde, os que estão atuando estão exaustos, fisicamente, psicologicamente. Então todos nós precisamos entender que a situação é essa, e não pensem que a doença não chegará em sua casa, pois vai chegar, e quando precisar do atendimento poderemos não ter", declara.
Daniel reforça o pedido para que principalmente os jovens parem com as festas e encontros, pois o vírus não irá embora tão cedo. "Nós da linha de frente e o poder público precisam da ajuda da população, e se não houver os cuidados necessários, vai morrer mais gente. Parem com as aglomerações, festas clandestinas, entre outras atividades. Esses cuidados do dia a dia são fundamentais e a vacina não é a solução mágica, ira demorar, somos 220 milhões de habitantes no país e a pandemia infelizmente ira perdurar pelo menos até 2022. A vacina não é mágica e outras variantes do vírus estão surgindo e temos que continuar nos cuidando".
As fiscalizações
O secretário Marton disse que as forças de segurança e setores da saúde irão continuar as fiscalizações, e que o grande problema está em possuir a informação de onde estão os focos de aglomeração em tempo real.
"Não queremos cercear o direito de liberdade das pessoas, mas é um momento em que estas ações precisam existir. Estamos estudando várias formas de monitoramento para um controle maior sobre onde existem aglomerações de pessoas. Quando um jovem pensar em ir para uma festa, deve olhar para o rosto do pai e da mãe, e saber que ele poderá ser o vetor que irá levar a doença para casa, quem sabe até causando a morte de alguém. Estamos aqui para buscar resolver os problemas, mas precisamos da ajuda de todos, criando barreiras para conter o avanço da doença. Dentro das estruturas materiais, estamos fazendo o possível. Mas as pessoas precisam acreditar".
Os negacionistas
Ainda existem pessoas que negam a existência ou a letalidade do vírus. Para estas pessoas, o secretário convida a fazer um "tour" em uma UTI, para que vejam o estado em que um paciente covid se encontra, o sofrimento existente em um ambiente destes e o sofrimento da família. E talvez assim possam fazer uma reflexão sobre isso.

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