O uso da literatura como fonte de pesquisa para a educação se configura plenamente, a título de exemplo, no romance "O Ateneu" de Raul Pompéia, que é um diário de um internato: as aulas, a sala de estudos, a diversão nos banhos de piscina, as leituras, o recreio, o que acontecia nos dormitórios, no refeitório e as disputas. O mundo da escola é sempre visto e retratado a partir da perspectiva particular de Sérgio (expressionismo). Destarte, a instituição, os colegas, os professores e o diretor Aristarco são representados em função de determinada ótica, visivelmente caricatural, aonde os erros, hipocrisias e ambições são projetados e realçados.
Combinando regozijos e tristezas, decepções e entusiasmos, o ator principal da obra - Sérgio, pacientemente reconstrói, através da memória, a adolescência vivida e perdida entre as paredes do referido internato. A história finda com o incêndio do Ateneu pelo estudante Américo. Nesse incêndio o diretor fica perdido, estático com o que está acontecendo com seu patrimônio e acaba sendo abandonado pela esposa naquele mesmo dia.
De acordo com Meireles (1984, p. 18), sempre que uma atividade intelectual se manifesta através da palavra, cai, desde logo, no domínio da literatura. A literatura, portanto, não abrange somente o que se encontra escrito, embora esse pareça o modo mais fácil de reconhecê-la, talvez pela associação estabelecida entre os termos literatura e letras. A palavra pode ser apenas pronunciada, pois é o fato de usá-la, como forma de expressão, independentemente da escrita, o que designa o fenômeno literário.
O termo educação, de acordo com entendimento de Perini (2003, p. 9) define:
a) o campo relativo às três fases do processo educativo e, mais precisamente: a formulação dos objetivos ou filosofia da ciência; a oferta das possibilidades de aprendizagem, denotada como instrução; a avaliação, o controle e a interpretação dos resultados da aprendizagem.
b) a metodologia para elaborar procedimentos de pesquisa mais rigorosos e melhores teorias.
Essa autora acrescenta ainda que a filosofia da ciência, que está na base da formulação de objetivos educacionais, é um produto da cultura: os critérios de identificação são paradigmáticos do nível evolutivo da sociedade que os adota.
Em suma, é em virtude da arte de contar e ouvir histórias que a linguagem se desenvolveu e, com ela, a literatura que, inicialmente era transmitida oralmente e, posteriormente, passou a ser registrada, dando origem ao surgimento da figura do escritor.
REFERÊNCIAS
infantil. 3. ed. ampl. São Paulo: Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas, 1959.
MAIA, Eleonora Motta. No reino da fala: a linguagem e seus sons. São Paulo: Ática, 1991.
MEIRELES, Cecília. Problemas da literatura infantil. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
PERINI, Silvia. Psicologia da educação: a observação científica como metodologia de estudo. São Paulo: Paulinas, 2003.
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