A escola constitui organização mediadora entre o projeto de educação da sociedade e a autorrealização dos indivíduos. Toda sociedade possui seu projeto coletivo de educação que, bem ou mal, configura-se no sistema educacional que tal sociedade conseguiu criar legalmente e fazer funcionar efetivamente.
A instituição escolar é uma importante mediadora nesse processo, sendo que faz isso, fundamentalmente, por meio do professor. Em outros termos, o professor é o mediador entre o projeto pessoal do aluno que vai à escola buscar sua realização no projeto da sociedade. (SALGADO, 2004).
Em relação à mediação da docência, Marques (2000, p. 117) acrescenta:
Na docência se configura o compromisso social básico do profissional da educação. É ela responsabilidade social muito concreta do professor que tem na sala de aula seu campo eminente de luta política e sua trincheira por excelência. Significa uma presença muito concreta, qualitativamente diversa da presença abstrata e ausente mediada pelos meios eletrônicos e pelos audiovisuais. O professor fala, mas sua palavra não é somente uma palavra diante da classe, é uma palavra dentro, com e para a classe.
Destarte, não se pode ocupar a docência com a simples transmissão de conhecimentos, pois ensinar não é repetir, mas, sim, reconstruir as aprendizagens. Em outros termos, na mediação da docência, realiza-se a tradução dos conceitos reconhecidos no estado atual das ciências para o nível das práticas sociais contextualizadas e conjunturais.
Nesse caso, traduzir significa realizar uma inversão do plano da idealidade do conhecimento abstrato para o terreno em que firmam os pés as práticas cotidianas e concretas dos sujeitos/atores em presença.
No processo de tradução pedagógica dos conceitos e valores, importa que sejam integrados os respectivos conteúdos na racionalidade prática fundada na linguagem cotidiana, de modo que a compreensão e o consenso não sejam conduzidos de fora, mas validados pelos participantes da comunicação educativa, satisfeitas as condições do entendimento compartilhado, em que o ensino começa quando professores e alunos redefinem juntos suas aprendizagens. (MARQUES, 2000).
A transposição/reposição dos conceitos, com os quais operam as ciências pretensamente acabadas em si mesmas, exige determinadas ferramentas ou artifícios do engenho humano, isto é, habilidades e competências requeridas pelo estabelecimento das regularidades e pelo controle das mudanças pretendidas.
Por fim, de acordo com Marques (2000), nessa exigência se colocam as metodologias e as tecnologias do ensino, resultantes da busca exercida pela liberdade e da busca pela eficiência, compreendidas, assim, juntamente com os requerimentos propriamente pedagógicos, na multidimensionalidade da didática.
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