De acordo com Rocha (1999), acompanhando a trajetória da pedagogia, os estudos que se propuseram a tomar a criança como objeto epistemológico sofreram uma grande modificação de foco de suas atenções com o advento da universalização da escola e das demandas decorrentes.
A criança passou a ser aluno, e o foco das preocupações do ensino e da aprendizagem, tendo em vista especialmente a aquisição dos conhecimentos já produzidos, num momento em que ainda não se pôs em pauta a aprendizagem como um processo construtivo.
A possibilidade de uma pedagogia direcionada especificamente para a educação infantil requer, em primeiro lugar, destacar que a creche, a pré-escola diferenciam-se essencialmente da escola quanto às funções que assumem num contexto ocidental contemporâneo.
Destarte, enquanto a escola se coloca como o espaço privilegiado para o domínio dos conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se põe, sobretudo, com fins de complementaridade à educação da família.
Portanto, enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, por meio da aula, a creche e a pré-escola têm como objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que apresenta como sujeito a criança de zero a seis anos de idade.
A partir desta consideração, é possível estabelecer um marco diferenciador destas instituições educativas: escola, creche e pré-escola, com base em sua função social que lhe é atribuída no contexto social, sem estabelecer necessariamente com isto uma diferenciação hierárquica ou qualitativa.
Uma pedagogia da educação infantil deve ter como objeto de preocupação a própria criança: seus processos de constituição como seres humanos em diferentes contextos sociais, sua cultura, suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais, buscando desenvolvê-las (ROCHA, 1999).
A dimensão que os conhecimentos assumem na educação das crianças pequenas, coloca-se numa relação extremamente vinculada aos processos gerais de constituição da criança: a expressão, o afeto, a sexualidade, a socialização, o brincar, a linguagem, o movimento, a fantasia, o imaginário, etc.
Por conseguinte, o conhecimento didático que resulta de uma ação pedagógica escolar geral e do processo ensino-aprendizagem em particular, não é objetivo final da educação da criança pequena, mas apenas parte e conseqüência das relações que a criança estabelece com o meio natural e social, pelas relações sociais múltiplas entre as crianças e destas com diferentes adultos.
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